Lidos em 2023

 Já estamos em 2024 e aqui vou colocar a minha retrospectiva literária de 2023. Sempre gosto de lembrar quais livros li, quantos foram de autoras mulheres, quantos livros de autores brasileiros. Fazer a boa e velha estatística e balanço de final de ano.

Foram 25 livros lidos em 2023. Achei pouco, já teve anos que li bem mais. Vou colocar a lista da sequência dos livros lidos. Não sei dizer qual mais gostei, pois sempre penso ser o próximo a ler o melhor!

1) "Rainha da noite" do Chico Felitti da Companhia das letras  

2) "Chuva de papel" da Martha Batalha da Companhia das letras 

3) "Com que realidades essas camisolas acordam" da Raquel Marinho da Editora Viseu 

4) "Como se fosse um monstro" da Fabiane Guimaraes da Editora Alfaguara 

5) "A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada" do Gabriel Garcia Marquez da Editora Record 

6) "Meu irmão, eu mesmo" do João Silvério Trevisan da Editora Alfaguara 

7) "Ciranda de pedra" da Lygia Fagundes Telles da Companhia das letras 

8) "Hibisco roxo" da Chimamanda Adichie da Companhia das letras 

9) "Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios" do Marçal Aquino da Companhia das letras 

10) "Caminhando com os mortos" da Micheliny Verunschk da Companhia das letras 

11) "Ioga" do Emmanuel Carrère da Editora Alfaguara 

12) "Perto do coração selvagem" da Clarice Lispector da Editora Rocco


13) "Maud Martha" da Gwendolyn Brooks da Companhia das letras 

14) "O último homem branco" do Mohsin Hamid da Companhia das letras 

15) "Um inimigo do povo" do Henrik Ibsen da LePM Editores 

16) "Um ex-amigo" da Mayra Cotta da Editora Paralela 

17) "Retalhos" do Craig Thompson do Quadrinhos na Cia

18) "Rádio imaginação" do Seiko Ito da Companhia das letras

19) "Memórias do subsolo" do Fiodor Dostoiévski da Penguin Companhia

20) "Café Majestic" da Stefanie Sande da Editora Alfaguara

21) "O olho mais azul" da Toni Morrison da Companhia das letras

22) "É a Ales" do Jon Fosse da Companhia das letras

23) "Autobiografia precoce" da Pagu da Companhia das letras

24) "Histórias extraordinárias" do Edgar Allan Poe da Companhia das letras

25) "O presidente pornô" da Bruna Kalil Othero da Companhia das letras
Desses 25 livros, 13 foram de autoras mulheres e 12 escritos por homens. Ficou quase igual. E ficou também quase igual a quantidade de livros estrangeiros e de nacional. Gostei de saber! Procurar esse ano ler um pouquinho mais de livros. Vamos começar mais um ano de muita leitura!

Feliz ano novo a todos!

Beijos literários
Adriana Balreira

"Rádio imaginação" - Resenha

Quem me conhece sabe que não gosto de ler sinopses, resenhas, contra-capa, enfim, gosto de mergulhar na leitura de um livro no escuro, sem saber nada. E assim que recebi da Companhia das Letras o livro "Rádio imaginação" do Seiko Ito e vi a capa linda, me deu vontade de logo começar a ler. As cores da capa, literatura japonesa, tudo me levou a querer logo ler o livro.

Literatura japonesa me fascina. Sempre que leio um autor japonês fico encantada com a escrita deles, com a maneira delicada que eles tem de escrever. Por isso comecei a ler "Rádio imaginação" sem receio, sem medo. E não estava errada. Que linda escrita do Seiko Ito. Descobri que ele foi o primeiro músico Hip Hop japonês. E esse livro foi indicado a vários prêmios Mishima e Akutagawa e venceu o prêmio Noma.
O livro começa com o narrador, DJ Ark saudando os seus ouvintes da Rádio Imaginação. Começa a jogar conversa fora, contando um pouco da sua vida, da sua história. Fala da sua esposa, do seu filho, dos pais e irmão. De como ele vivia antes de se tornar um locutor de rádio, da Rádio Imaginação. E sempre depois de sua fala, ele deixa uma música para seus ouvintes. E depois recomeça com a conversa. E vários ouvintes começam a ligar para ele, a enviar cartas, a conversar com o DJ Ark. Estava amando a história da vida dele, das cantigas citadas. Eu logo ia no Spotify escutar e descobri que já existe uma playlist de todas as canções citadas do livro, procurem, bem legal. 

Voltando ao livro, logo notei que a história se passava no Japão, na região onde houve o terremoto de 2011. E que vários relatos dos ouvintes da Rádio Imaginação eram de pessoas a procura dos seus entes queridos. O próprio DJ Ark também estava procurando sua esposa e filho. Aí lá pelo meio do livro comecei a notar que o narrador do livro estava morto e estava preso numa arvore após o tsunami que houve na região de Fukushima. E foi maravilhoso ter descoberto esse acontecimento, junto com o próprio narrador. Ele também não sabia até então do seu atual estado.

 


A escrita do Seiko Ito é tão doce e delicada que esse assunto tão pesado de tanta destruição após o terremoto de Fukushima de 2011 no Japão, onde morreram centenas e centenas de pessoas, ficou leve. Um livro que recomendo muito a todos! Pois é uma leitura gostosa e principalmente pelas cantigas que aparecem no decorrer da história. Até o clássico "Águas de Março" do Tom Jobim é citado no livro. Bossa nova sempre marcante aos japoneses. Amo muito!! Leiam "Rádio Imaginação"!! 

Beijos literários 
Adriana Balreira

"O último homem branco" - Resenha

Recebi da Companhia das Letras o livro do paquistanês Mohsin Hamid "O último homem branco". Desse mesmo autor li "Como ficar podre de rico na Ásia emergente" que também fiz uma resenha dele aqui no blog e amei a escrita do Mohsim Hamid. Por isso fui ler logo que chegou.

Junto com o livro, a Companhia das Letras enviou uma cartinha que o autor narra um pouco do porquê dele ter escrito esse livro. Na carta ele fala do desconforto de como era tratado nos aeroportos do mundo inteiro por ser paquistanês após os ataques das torres gêmeas de 11 de setembro de 2001. Quando ele notou que sua cor era bem diferente. Assim ele se deu conta que não era tão "branco" como ele pensava. Pensando nesse viés, o mundo pós atentado terrorista de 11 de setembro foi bem cruel para os nascidos no Oriente Médio e/ou descendentes.
Voltando para o livro, o protagonista Anders acorda e percebe que seu corpo está um pouco diferente, sua cor já não é mais a mesma. Sua cor que era branca, escureceu da noite para o dia. Não era mais um homem branco. Apavorado liga para sua melhor amiga Oona para contar o que lhe aconteceu. Oona vai encontra-lo e estranha a nova aparência do seu amigo, mas o apoia. Muito mais que um apoio, Oona e Anders acabam se envolvendo. Ele tenta de todas as maneiras não se expor demais, mas tem que trabalhar, viver. Nota que as pessoas não falam mais com ele como antes. Por conta da sua nova cor, é tratado com indiferença. E na cidade começa a surgir novos casos de mudanças de cor nas mais diversas pessoas. 

Com isso as pessoas brancas se revoltam e tentam afugentar essas pessoas modificadas, pelo receio de também mudarem de cor, como fosse uma doença contagiosa. Ao ser abordado em sua casa por policiais para o expulsarem de lá, com medo, Anders foge e volta a morar com o seu pai que está muito doente, em fase terminal. Seu pai não o reconhece com sua nova aparência mas o acolhe, o esconde da fúria das pessoas brancas. Oona mora com sua mãe, mãe que fica ligada direto nas redes sociais e fica sabendo da mudanças da grande parte da população. E que não tarda a chegar a todos da cidade, inclusive Oona e sua mãe. E nesse novo sistema de todos serem da mesma cor, que o livro vai finalizando.

Uma distopia misturada com muito romantismo e lições de vida. Um livro curtinho, delicioso de ler. O autor prende o leitor na narrativa. Muito gostoso e essencial nesse mundo que vivemos, cheio de racismo e preconceitos. A leitura desse livro traz que a cor das pessoas pesa muito ainda, o que não era para acontecer. Somos iguais, devemos lutar contra todo esse racismo. Amei muito o livro "O último homem branco"! Vale a pena a leitura. 

Beijos literários
Adriana Balreira

Como se fosse um monstro - Resenha

 Esse ano de 2023 continuo com a parceria com a editora Companhia das Letras. E o que eu mais amo nessa parceria é conhecer novos autores brasileiros. E em 2021 tive o prazer de conhecer a autora Fabiane Guimarães com o seu livro de estreia "Apague a luz se for chorar" pela editora Alfaguara, um livro maravilhoso, uma escrita fluída e super bem escrito. E esse ano a Fabiane Guimarães lançou um novo livro "Como se fosse um monstro" também pela editora Alfaguara. E lógico peguei logo para ler.

História da Damiana, uma jovem carente do interior de Goiás, que se muda para Brasília para ser empregada doméstica na casa de um casal sem filhos. A esposa uma aspirante a atriz e o marido professor do curso de arquitetura. Logo nota um entra e sai de mulheres na casa e depois o casal oferece um bom dinheiro para que ela seja barriga de aluguel deles. E como sua mãe se encontra em situação de saúde muito complicada, acaba aceitando. Após 9 meses, volta para sua cidade, com a mãe já fora de perigo e com o dinheiro ajuda suas irmãs na educação delas. O dinheiro que recebeu do casal logo se acaba e surge novas oportunidades de ser barriga de aluguel e acaba aceitando. E é exatamente suas experiências que acaba cedendo uma entrevista a uma jovem jornalista argentina chamada Gabriela.
É nessa entrevista que o livro vai sendo escrito, assim que o leitor conhece a história da Damiana e também da jovem Gabriela. Nos relatos na sua fazenda que Damiana conta como se sujeitou a tudo e como era a sensação de ser mãe de aluguel e nunca ter tido filhos só para ela. 

A história é super bem escrita, nos envolvemos com as dores da Damiana, com a vida sofrida e nos questionamos muitas vezes sobre esse papel da mulher. É considerada um monstro por ter sido barriga de aluguel? Será? Como vocês veem isso? A autora Fabiane Guimarães é bem jovem e super atuante nas suas redes sociais, Twitter e Instagram. Conversa com o leitor, tira suas dúvidas, participa de Clube de Leitura. Ela é um amor de pessoa, e vai ser mamãe em breve. Sigam lá a Fabiane, irão amar. Ela também escreve uma newsletter toda sexta-feira que é maravilhosa! 

Beijos literários 
Adriana Balreira

12 anos de Blog!!

Como pode!! Doze anos de blog! Nem acredito que passou já esse tempo todo! Lembro de como iniciei esse projeto, tudo por conta de umas blogagens de unha! Sim! Na epoca a Fernanda Reali postava as fotos das unhas de várias blogueiras com um tema sugerido a cada semana. Eu participava através de uma foto no Twitter, era a única do grupo que não tinha blog para chamar de seu. E acabei cedendo e fazendo o meu próprio cantinho para participar das blogagens coletivas.

Tinha acabado de chegar de uma viagem a San Antonio no Texas, em 2011, quando iniciei o meu blog. E esse ano também acabei de retornar de San Antonio visitando meu irmão, sua esposa e seus dois filhos. Em 2011, meu irmão ainda era solteiro! Tanta águas rolaram nesse tempo todo! Tantos anos se passaram... Tanta felicidade que a cidade de San Antonio me proporciona...
Bom demais vim aqui no meu cantinho escrever e lembrar de todos esses anos, de todas as postagens, de todas as amizades que o blog me deu. Fazer um retrospectiva da minha vida em todos esses longos 12 anos. De todos que passaram por aqui, passaram na minha vida... 


E estou mega feliz de poder comemorar mais um ano de parceria com a Companhia das Letras. Logo no inicio do meu blog estamos juntas! Parceria que esse blog me proporcionou. Amo demais essa parceria!

Sou muito feliz em ter esse cantinho para chamar de meu. De poder vim aqui esporadicamente, menos do que eu gostaria... E escrever um pouco. Colocar em palavras um pouco da minha felicidade. Amo meu cantinho! 

Beijos 
Adriana Balreira

Rainhas da noite #Resenha

Gostam de podcast? Já escutaram o podcast "A mulher da casa abandonada" do Chico Felitti? Pois esse jornalista em dezembro de 2022, lançou um livro pela Companhia das Letras: "Rainhas da noite, as travestis que tinham São Paulo a seus pés". A Companhia das Letras enviou para os parceiros o livro físico e tivemos também uma conversa com o Felitti. Um bate papo muito gostoso no qual o Chico Felliti nos contou como agrupou todas as informações contidas no livro. As pesquisas com as travestis que viveram no tempo descrito, décadas de 70, 80, 90 aos anos 2000. O autor é um doce de pessoa, um jornalista super responsável com o que faz. Aliás, ele acabou de lançar um novo podcast "O Ateliê", sobre uma seita no centro de São Paulo, vale a pena escutar.
Mas vamos ao que interessa, o livro "Rainhas da noite". Sensacional relato das histórias de três rainhas da noite de São Paulo, Andrea de Mayo, Cristiane Jordan e Jacqueline Blábláblá. Chico Felitti entrevistou várias pessoas para montar sua narrativa dessas travestis que comandaram o centro de Sampa durante as décadas de 1970 a 2010. Com a mesma pegada investigativa que o Chico Felitti faz nos seus podcasts, essa narrativa mostra os horrores que essas rainhas da noite tiveram que passar na noite paulista. Não só pela perseguição da polícia, mas também dos cafetões que tiveram e pelo preconceitos na família e na rua por serem travestis.
O livro é muito bem escrito, mostra a realidade de uma São Paulo que poucos de nós tivemos a oportunidade de conhecer. O submundo da prostituição, os percalços e angústias vividas. O medo da doença do século que é a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Humana), que muitas delas pegaram e até foram perseguidas pela polícia na época sendo acusadas pela doença. Horrores narrado com maestria de como eram colocados os silicones nos corpos deles, feitos na clandestinidade. Chico Felitti também mostra o glamour da vida dessas divas, de como a vida delas se entrelaçaram naquela cidade grande.
E o Felitti com sua narrativa investigativa faz o livro ser uma leitura leve e instigante. Mostra que o ser humano nunca é só bom e só ruim. Que somos tudo isso. E que essas 3 divas foram sim más e boníssimas quando eram para serem. Um livro que vale muito a pena ler, não só pela vida dessas pessoas, mas também pelo trabalho primoroso do autor. Um período de São Paulo que fica registrado nessa obra. Parabéns Companhia das Letras e Chico Felitti!
Beijos literários 
Adriana Balreira

Top 5 leituras de 2022

 Esse ano de 2022 li menos que gostaria. Foram 26 livros, sendo 16 livros de autores brasileiros e 10 de autores estrangeiros. Verifico que a cada dia que passa estou dando preferência a autores brasileiros contemporâneos, situação que me deixa muito feliz. São leituras maravilhosas e escritas mega gostosas. Sou uma verdadeira entusiasta da nossa literatura, dos nossos escritores. E fico extremamente contente quando vejo que um livro que amei ganha um prêmio literário, como foi o caso do livro "Uma tristeza infinita" do Antônio Xerxenesky com o prêmio São Paulo de Literatura 2022 e o "O som do rugido da onça" da Micheliny Verunschk vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Romance Literário de 2022.

Vamos ao que interessa, que são os meus top 5 de leituras de 2022. Vou colocar em ordem alfabética, pois não conseguir eleger o melhor. 

1) A vida futura do Sérgio Rodrigues da editora Companhia das Letras - nesse livro os autores José de Alencar e Machado de Assis voltam ao Rio de Janeiro nos dias de hoje para assustar uma professora que planeja modificar seus escritos originais para serem palatáveis aos mais jovens. E aqui como fantasmas vivem as mais loucas aventuras. Uma escrita sensacional, faz críticas sociais, políticas e raciais. Tudo com muito humor e leveza. 

2) Diorama da Carol Bensimon da editora Companhia das Letras - Uma taxidermista gaúcha atuando nos EUA, vive o drama de retomar ou não ao Brasil para ver o pai que se encontra acamado após um AVC. Nessa incerteza a narradora vai nos relembrando sua infância e o assassinato ocorrido em Porto Alegre de um deputado estadual radialista que seu pai que também era deputado estadual na epoca foi acusado de ser o assassino. Baseado em um fato real ocorrido no Rio Grande do Sul, o livro é maravilhoso. A Carol prende o leitor nessas lembranças e conflitos numa escrita perfeita. 

3) Inventário do Azul do João Anzanello Carrascoza da editora Alfaguara - Nesse livro o narrador nos leva nas suas lembranças de toda uma vida. São lembranças do dia a dia, sutis recordações dos momentos felizes, mostrando seu amadurecimento, suas perdas, suas vitórias. Um livro muito leve que nos leva a refletir sobre nossa vida. A escrita do Carrascoza é sensacional. Livro lindo!! 

4) Parque cultural do Serguei Dovlatov da editora Kalinka - O narrador, um alter ego do autor, vai trabalhar no parque museu dedicado a Aleksándr Púchkin, e mostra a vida na era Brejnev na Rússia dos anos 70. Esse parque dedicado ao grande escritor russo fica próximo a São Petersburgo e onde o jornalista e escritor Dovlatov realmente teve que trabalhar, pois seus escritos na época da União Soviética eram todos rejeitados pela censura do governos soviético e assim ele buscava maneiras de sobreviver. Esse livro mostra essa União Soviética tão distante de nós. Não conhecia esse autor que hoje em dia na Rússia é super cultuado e tem até um dia dele. A edição da Kalinka é muito boa e pretendo ler os outros livros desse autor em 2023. 

5) Solitária da Eliana Alves Cruz da editora Companhia das Letras - nesse livro temos diversos narrradores que ficam se alternando ao longo do livro. A história de uma empregada doméstica de uma família de classe média alta que tem que levar sua filha criança para o trabalho. Mabel e Eunice são negras e contam suas histórias de submissão e liberdade sobre essa família carrasca. Nesse apartamento de luxo acontece uma tragédia e que leva ao leitor tentar descobrir. A escrita genial da Eliana, ganhadora de vários prêmios literários é maravilhosa. O livro é um soco no estomâgo da sociedade. 


Leiam esses livros. São livros espetaculares, nas escritas e nas histórias narradas. Amei todas essas obras primas! 

Beijos literários 
Adriana Balreira
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